Marcado: Romance Policial
Um grande achado
Morei em Copacabana por mais de dois anos. Convivi com a decadente, louca e única atmosfera do bairro, que é um dos mais populosos do mundo. A Copacabana que vi tinha muito mais a ver com a Kátia Flávia de Fausto Fawcett. Nada tinha de Princesinha. Turistas, camelôs, prostitutas, meninos de rua e mendigos faziam parte do cenário e conviviam com o recato do Bairro Peixoto e os seus simpáticos prédios de poucos andares.
Lembro do prédio da Galeria Menescal, que resistia imponente, ignorando a inexorável mudança do ambiente ao seu redor. Também do contraste entre a tranquilidade do mar, ancorada pela visão espetacular do Pão de Açúcar, e o caos do trânsito da Nossa Senhora de Copacabana. Ah, como esquecer os fins de noite no Cervantes: um dos melhores sanduíches do mundo – especialmente às 4 da manhã, quando a fome ataca e as opções são poucas.
Convivi com esse caleidoscópio de memórias durante as últimas semanas, quando tive a oportunidade de ter em mãos o romance policial de Luiz Alfredo Garcia-Roza, Achados e Perdidos. Ele tem o charme dos romances noir, mas ambientado num lugar onde conhecemos o nome das ruas e a realidade cotidiana é muito próxima.